quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Um pequeno desabafo

A treze dias para deixar a Zâmbia, não me posso sentir mais grata por ter tido esta experiência. No entanto, sinto que já está na hora de voltar para casa.

Estes meses nem sempre foram fáceis, mas fizeram-me aprender muito.

Por um lado, tenho a sensação que já estou aqui há anos, mas por outro, tudo passou muito rápido.
Vou sentir falta da simplicidade de viver que existe aqui, da alegria das crianças, das árvores, dos animais e do ceu estrelado. Não vou sentir falta das pessoas pedirem-me dinheiro, da variação de preços consoante a cor da pele e da lentidão para fazer o que quer que seja.

Sinto que uma nova etapa está prestes a começar  - o retorno ao mundo desenvolvido. Tenho a certeza que não olho as coisas da mesma maneira de que o fazia quando deixei Inglaterra em meados de Maio.

Acima de tudo, sinto que me tornei mais honesta e humilde. Dou mais valor aquilo que tenho. Apesar de nunca ter sido muito materialista, sinto-me cada vez mais desprendida das “coisas”, o que resulta num grande suspiro de alívio. As “coisas” são pesadas, prendem-nos a tudo aquilo que não interessa.

Cada vez mais tenho vindo a sentir que a família desempenha um grande papel nas nossas vidas. No passado, por vezes,  não me sentia confortável em partilhar muitas das minhas coisas com a minha família porque acreditava que não era compreendida. Tinha medo de ser julgada.

Durante o tempo que estive aqui, recebi um incrível apoio da minha família, o que me fez ver que estava enganada. A minha família vai estar sempre do meu lado.

E claro, os amigos também desempenham um grande papel nas nossas vidas. Não é fácil encontrar amigos verdadeiros, mas hoje, posso afirmar com toda a certeza que os tenho.

Para além das pessoas, cada vez sinto mais Deus.  Apesar de nestes últimos anos me ter afastado da Igreja, cada vez mais sinto que a minha vida faz sentido com Ele, que me acompanha sempre em toda a parte.

Assim, deixo a Zâmbia mais rica. Não certamente em dinheiro, mas em experiências que lentamente mudaram a minha maneira de ver a vida.