sexta-feira, 20 de março de 2015

Conclusões parte I

Penso muitas vezes na Zâmbia e na vida simples que as pessoas levam, apesar das suas dificuldades.
É espantoso reconhecer que aqui somos infelizes com muito e que lá as pessoas são felizes com o pouco que têm. Mais do que felizes, estão gratas e agradecem a Deus pela vida que têm.
Aqui deste lado, acreditando ou não em Deus, será que estamos gratos, que agradecemos a alguém pela vida que temos? Temos família, amigos, casa, comida, água potável, electricidade, saúde, educação... Temos tanto para agradecer!
Mas se calhar estamos com muita pressa. Devíamos parar e pensar no que realmente importa. Devíamos abrandar o consumismo que só nos traz ilusões de felicidade. Devíamos desligar-nos mais desta tecnologia que tantas vezes substitui a presença física. Devíamos cuidar dos que estão à nossa volta. Devíamos ...
Sem iniciativa não há mudança. Não podemos estar sentados no sofá à espera que a vida aconteça.
Vamos lá fazer alguma coisa por todos nós :) 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A chegada à Zâmbia com(o) um terramoto

Há experiências que nos marcam. A Zâmbia foi uma dessas experiências. E deixou cicatriz.
Ainda me lembro do primeiro mês na Zâmbia – o mês da desilusão. Sim, nos primeiros dias, não fiquei nada encantada com o país, as pessoas ou o que quer que fosse. Antes pelo o contrário, tudo foi um choque – a destruição do meu maior sonho até então.
Sonhava ir para uma Zâmbia calorosa, onde pudesse cumprir a minha missão e compromisso com as comunidades locais e, onde, apesar das eventuais condicionantes, pudesse estar descontraída. Também sonhava partilhar esta experiência com pessoas com o mesmo objectivo que eu. Sonhei ainda casar-me um dia com uma pessoa com quem esperava estar para sempre. No entanto, parece que sonhei demasiado alto. Parece que quero sempre muita coisa ao mesmo tempo.
Às vezes, quando estamos demasiado focados num objectivo, deixamos escapar detalhes que fazem a diferença. Antes de chegar à Zâmbia, esses detalhes estavam lá, mas não os vi. Só os vi assim que cheguei.
A minha chegada à Zâmbia traduziu-se num misto de choque cultural, choque com o projecto da ONG onde estive e, por fim, um terramoto monumental na minha vida pessoal.
Acho que preciso de fazer um nota aqui – sempre tive uma mais tendência para complicar, do que para descomplicar. Essa tendência nunca me deu muito jeito, mas compensava-se sempre com alguma facilidade de integração em grupos que ganhei nas minhas experiências internacionais antes da Zâmbia. Hoje em dia, tenho muito mais facilidade em integrar-me em grupos de gatos (os meus confidentes incansáveis durante os meus seis meses na Zâmbia).
Continuando a minha história, devo dizer que não sou pessoa de estar parada – deprime-me um bocado, na realidade – então estar parada na Zâmbia, era uma coisa que não iria acontecer.
Por esta altura, devem estar a pensar que se segue uma história heroica de como consegui ultrapassar todos os obstáculos devido à minha força de vontade. Meus amigos, acreditem, não tenho nada de heroína ou de pessoa forte.
O que se seguiu foi um longo processo de aceitação da realidade. E, digo-vos com toda a certeza, que ainda continua neste momento. Os diferentes costumes, a ineficiência de algumas pessoas, a minha deficiência, a minha personalidade e relações interpessoais completamente falhadas foram os pontos derrubados pelo terramoto que se deu com a minha chegada à Zâmbia.
Felizmente, durante este primeiro mês, começámos a visitar pré escolas. Aos ver aqueles miúdos tão queridos, hiperactivos e curiosos, não os podia deixar ficar mal. Ao ver os professores a ensinar com tão pouco, a minha motivação para continuar cresceu. Os meus problemas ao pé daquela gente não eram nada: tenho uma família com relativa estabilidade em tudo, nunca me faltou nada, tenho amigos fantásticos com quem eu posso sempre contar (ainda que espalhados por este muito fora).
O nosso trabalho nas pré escolas era ver o que faltava nas mesmas (materiais,  formação de professores, condições de higiene e saneamento) . Funcionou como um trabalho de adaptação sem o qual não tínhamos ficado a conhecer elementos importantes das comunidades, como os professores. Então, começamos logo a ter imensas ideias para tentar melhorar a qualidade de ensino naquelas comunidades.


Alunos à frente da da pré escola de Musopelo B

Acontece que, pelo meio destas visitas, põe-se a questão do transporte, que deveria ser uma bicicleta. Problema: não consigo andar de bicicleta.
Então, vi-me na situação ridícula: estava lá para ajudar, mas nem me conseguia ajudar a mim mesma. Ainda por cima, fundei, com a minha equipa, um projecto em que o objectivo era dar bicicletas às comunidades.
Esta situação não era nada que eu não tivesse pensado antes. Na altura, garantiram-me que não ia ter problemas com a mobilidade, pois podia andar a pé. O meu problema era que queria ir a todo o lado, mesmo aos sítios mais longe. Eu queria fazer tudo e não deixar nada por fazer, dedicar-me a 100% e deixar as minha vida pessoal de lado. (Que ilusão!)
No final de contas, ninguém pôde andar de bicicleta. As bicicletas existentes não eram de muita confiança e estavam literalmente a cair aos bocados. Assim se resolveu a questão da mobilidade: toda a equipa a andar pé.
Já a questão de deixar a vida pessoal de lado, não ficou muito bem resolvida. Na verdade, aprendi à força que não é possível fazer uma separar a vida pessoal da vida de voluntária.            
Mesmo assim, pelo menos uma coisa encontrei tal e qual como sonhei: uma Zâmbia calorosa, recheada de pessoas inspiradoras e situações que me ensinaram tanto que ainda não consegui assimilar tudo o que aprendi.
Para terminar, quero dizer que não escrevo para aumentar o meu ego ou fazer promoção à minha marca pessoal. Escrevo porque simplesmente não consigo expressar oralmente tudo o que quero partilhar convosco acerca desta minha experiência como voluntária na Zâmbia.
Obrigada por lerem.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Como me tornei mãe e professora na Zâmbia

Recordo com ternura o nome dos meus filhos: Janet, Eliza, Peter, Isaac, Royd e Oman.
Na escola onde vivia, havia um sistema de famílias: cada aluno estava inserido numa família constituída por 6 a 8 alunos, os “filhos”, e por 2 a três professores/voluntários, “os pais”. Foi assim que, mesmo sem me aperceber, fui-me aproximando destas seis maravilhosas pessoas, que tanto me inspiraram e que me continuam a inspirar.

A minha família e amigos na festa de despedida

Estes jovens, com idades compreendidas entre os 13 e os 25 anos (tinha uma filha mais velha que eu), tinham sido recrutados para aquela escola a partir de centros de acolhimento para crianças de rua.
Muitos jovens que estavam na escola tinham roubado, consumido drogas e alguns tinham-se mesmo prostituído.
Lembro-me bem do Peter, do Isaac, do Oman e da Eliza que, estando no segundo período do sétimo ano, não sabiam ler, escrever, ou falar bem inglês (a língua oficial da Zâmbia). Lembro-me bem que todos queriam passar no exame no final do ano.
Imaginam alguém com 13 ou 14 anos sem saber ler? Pior ainda, imaginam esse alguém a tentar por todas as maneiras passar o exame do final do ano e não conseguir por falta de conhecimentos base? Imaginam esse alguém a sentir-se humilhado, frustrado?
Esta realidade chocou-me. Chocou-me por muita gente não dar valor à educação,  dizer que a escola não serve para nada... chocou-me por estes meninos que podiam ser tanta coisa, não o poderem ser porque não têm acesso à educação básica. Sim, não falo de ensino secundário ou de universidade, falo de aprender a ler, escrever e contar. O que para nós é mais que básico.
O governo da Zâmbia, como muitos governos pelo mundo fora em países em desenvolvimento, não tem fundos para tornar a educação gratuita. A educação é paga e varia de 15 a 30 euros por ano, o que é uma quantia que uma família africana tradicional (forçosamente numerosa) não se pode dar ao luxo de despender por cada filho.
Foi por tudo o que já referi que resolvi começar aulas de apoio de Leitura e de Inglês. Nas aulas de Leitura, tentava trabalhar os sons e a pronúncia, letra por letra. Nas aulas de Inglês, ensinava vocabulário e gramática.
Foi um grande desafio para mim, pois nunca tinha sido professora antes. No entanto, foi uma experiência muito enriquecedora que me pôs muitas vezes à prova.
Entre outras coisas, tentar explicar estruturas gramaticais a jovens que nunca tinham ido à escola foi o mais difícil. Levei quatro aulas a explicar o verbo “to be” porque simplesmente os meus alunos não conseguiam perceber que esse era o verbo que mais usavam no dia a dia.
Acima de tudo e, apesar dos desafios, os meus alunos tinham um imenso respeito por mim. Eram poucos os que apareciam, mas sabia que estavam realmente interessados. Sinto muita falta deles.

 Os meus alunos de inglês na última aula

Na verdade, na Zâmbia encontrei gente muito mais rica do que em Portugal, rica no que realmente interessa – em espírito.  Estes jovens agradeciam todos os dias a Deus por aquilo que tinham.
Não é a religião que quero analisar neste caso, mas sim o sentimento de gratidão que jovens problemáticos têm em relação a uma vida sem nada material, mas cheia de valor espiritual. Não nos falta um pouco disto neste nosso mundinho?

domingo, 18 de janeiro de 2015

12bike - Um projecto de equipa

Começámos (a minha equipa e eu) por lançar uma página no site de crowdfunding Indiegogo ainda em Inglaterra com a finalidade de angariar fundos para a compra de 9 bicicletas, 9 atrelados e uma bicicleta-ambulância. Esta foi a solução que encontrámos para dar uma resposta sustentável às dificuldades de transporte de água, bens e pessoas. A este projecto demos o nome de 12bike.

Logo do nosso projecto

Nas áreas rurais da Zâmbia, há poucos veículos motorizados (e as estradas não estão preparadas para a circulação destes veículos), daí a escolha da bicicleta e do atrelado, para ser mais fácil de transportar o que quer que seja. Também tencionávamos comprar 10 kits de ferramentas, para assegurar a manutenção dos equipamentos.
A campanha começou em Maio e acabou em Julho. Em Setembro, com a ajuda dos nossos queridos apoiantes, conseguimos fazer chegar 1 bicicleta, 1 atrelado e 1 kit de ferramentas a cada uma de duas aldeias remotas: Chitebulu e Namakolongo.
Ao reunirmos com as comunidades, decidimos que cada comunidade devia ter um comité responsável pela utilização dos equipamentos, elegido pelos membros da comunidade que comparecessem às reuniões que a minha equipa organizou. Cada um dos comités, elegeu dois responsáveis pelas bicicletas que têm como função conduzir, manter os equipamentos em bom estado e começar actividades geradoras de rendimento.

Condutor com duas passageiras no atrelado

As bicicletas têm duas funções principais: transportar pacientes para a clínica mais próxima a um preço acessível e também para algumas actividades geradoras de rendimentos (transporte de água, bens, reparação de bicicletas).
O lucro total proveniente destas actividades tem três funções: dar salário aos condutores pela bicicleta, cobrir os custos de manutenção e juntar dinheiro para comprar outra bicicleta, atrelado e kit de ferramentas para implementar o projecto na aldeia mais próxima.
Assim, as bicicletas, os atrelados e os kits de ferramentas podem agora ser usada de forma sustentável e para benefício das comunidades.

Mas nem tudo foi um mar de rosas!

Antes de ir para a Zâmbia, tinha um pouco aquela ideia que o continente africano era um sítio cheio de romantismo, com paisagens, crianças a correr e a saltar, pessoas a dançar, projectos bem sucedidos ... e eu acho que esta é uma ideia comum a todos os voluntários que vão para África. Apesar de sabermos que não é fácil, somos encantados com o romantismo de África.
Isto tudo para dizer que, quando eu e a minha equipa começamos o 12bike project, não tínhamos noção do que nos esperava, ou, melhor dizendo, do que tínhamos de esperar.
Como muita gente sabe, as coisas funcionam a uma velocidade diferente em África. É claramente uma vida menos stressante e que, honestamente, falta um bocado ao mundo Ocidental. É uma coisa que toda a gente fala e que toda a gente até parece estar mentalmente preparada para aceitar.
O problema é que quando uma pessoa está demasiado habituada à correria do mundo Ocidental, começa a ficar um pouco frustrada quando as coisas não avançam em África. Foi o que me aconteceu (não só em relação a este projecto, mas a todos os projectos que desenvolvi/tentei desenvolver na Zâmbia).
Houve muita espera: esperar para ir à cidade e transferir o dinheiro, esperar que o nosso transporte fosse à empresa buscar as bicicletas e afins, esperar que o transporte das aldeias fosse buscar as bicicletas ao sítio onde vivíamos, esperar para que o nosso contacto falasse com os locais para marcar as reuniões .... No meio desta espera toda, às vezes, achava que era demais e que nunca mais íamos finalizar o nosso projecto.
Felizmente, tudo correu pelo melhor. O 12bike foi uma grande aprendizagem porque foi um projecto começado de um esboço em Inglaterra que se realizou na Zâmbia. Para além disso, tivemos pessoas que confiaram no nosso trabalho - as pessoas doaram dinheiro para a compra das bicicletas, atrelados e kits de ferramentas. Sem elas, nada disto tinha sido possível. A todas as pessoas que apoiaram o 12bike project, um muito obrigada.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O que fiz na Zâmbia

Muitas pessoas perguntam várias vezes o que eu fiz na Zâmbia em termos específicos.
Para começar, quero dizer que muitas das actividades que desenvolvi, fi-las com a minha equipa, constituída por dois húngaros, Árpád e Zoltán (da esquerda para a direita na foto), daí me referir a “nós” algumas vezes.

Eu e a minha equipa no restaurante 

A nosssa casa era no terreno de uma escola num sítio chamado Malanbanyama, na área rural do distrito de Chibombo.  A escola tinha alunos internos e alunos da comunidade, no entanto o nosso projecto era com comunidades. De qualquer das formas, acabei por trabalhar na escola também.
Aqui vai uma lista das actividades que desenvolvi (Nos próximos posts, vou explicar cada ponto detalhadamente, começando pelas actividades transversais):

Actividades transversais a vários meses

-        12bike project (um projecto que comecei com a minha equipa, ver: http://www.facebook.com/12bike)

-        Aulas de Inglês e de Leitura

-        Integração numa “Família”

Actividades por mês

-       1º mês – Adaptação/ Visita a pré escolas
-       2º mês – Apresentações sobre o VIH e a SIDA em escolas secundárias
-       3º mês – Pintar os desenhos nas paredes das pré escolas
-       4º e 5º mês – Apresentações sobre temas variados na clínica
-       6º mês – Despedida/Levantamento de dados nas comunidades


Para os interessados:
-       Tenho material em inglês sobre HIV/AIDS, fichas de gramática inglesa, material para aulas de leitura, village banking e saúde.

Para questões, comentários e opiniões, não hesitem em enviar um email para: marianadavm@gmail.com 


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Chapadas da vida

Confusão, buracos e poeira. Foi o meu primeiro grande choque na Zâmbia, mais especificamente na estação rodoviária de Lusaka, juntamente com toda a viagem que fizemos de Lusaka a Ndola.
Depois deste choque, muitos outros vieram. Choques os quais que me abriram os olhos à força. Verdadeiras chapadas da vida.
As diferenças culturais deixam-nos vulneráveis ao inevitável encontro com a pessoa que somos.
Daí resultam os choques com o nosso íntimo. Por as coisas serem diferentes do que estamos habituados, o nosso muro de protecção cai e as diferenças acertam-nos como balas de canhão e põem em causa o que nós somos e o que fazemos. Pior de tudo, até nos levam para gavetinhas que pensávamos que já não tinham lugar na nossa alma.
Sair da zona de conforto é uma luta constante com o nosso ser, mesmo que o nosso principal objectivo não tenha seja esse. Foi o que aconteceu comigo.
Queria ir para a Zâmbia para ajudar comunidades e fazer pelo tornar pelo menos  vida de uma pessoa melhor. Na minha inocência, antes de ir para a Zâmbia, pensava que tudo iria correr pelo melhor porque tinha muita vontade de ajudar e, apesar das diferenças culturais, nada me iria deitar abaixo porque a minha vontade era muito grande. 
Apesar de ter cumprido o meu objectivo, estava muito enganada. A Zâmbia desarmou-me. Os dias  não foram todos bons (nem todos maus) e pensei em desistir. A razão deste acontecimento é simples: mais do que ter tido privações físicas, tive privações psicológicas - algo que ainda não recuperei por completo. 
Não consigo bem descrever a minha evolução durante estes seis meses. Quando penso na Zâmbia,  penso nas crianças com quem brincava, os meus alunos de inglês e de leitura, as meninas e meninos dos dormitórios  da escola, as vilas sem electricidade, a clínica onde fazia as apresentações, os restaurantes, os sorrisos de toda a gente, os “how are you?” a toda a hora,os meus gatos lindos, os meus colegas e a nossa cadela adoptada. 
Porém, também me lembro das minhas lágrimas, lembro-me que as coisas não correram como esperava. Lembro-me que me senti sozinha, sem ninguém para falar das coisas que me interessavam, pois por vezes, entre voluntários, não nos interessávamos pelas mesmas coisas e com os locais era difícil de falar sobre alguns interesses, pois eles não nos compreendiam.
Agora que cheguei a Portugal, não consigo explicar o que se passou. Não consigo descrever o misto de sentimentos que houve nestes 6 meses. Não consigo explicar às pessoas o quanto penso nas pessoas que conheci lá e o quanto é que quero ser uma pessoa melhor que era quando parti para o período de voluntariado. Mas tudo isto é uma nuvem cheia de coisas que dá muitas dores de cabeça, talvez por não saber lidar com a situação. 
O que sei é que os seis meses foram intensos. Levei chapadas da vida a todos o níveis. Tive muitas desilusões e muitas coisas que me fizeram acreditar neste mundo. A Zâmbia deu-me humildade para perceber que estou longe de ser perfeita e, mais do que isso, deu-me humildade para perceber que sou muito pequenina neste mundo. 
Esta confusão mental do regresso da intensidade que vivi, por vezes ofusca a ternura, a alegria e o amor que presenciei. Cada vez mais sinto que devo centrar nestas coisas boas que presenciei. Acho que essas foram as coisas mais valiosas.

As minhas lutas psicológicas, essas vão sempre continuar. É uma questão de dar tempo ao tempo e de recuperar das chapadas da vida.

Fotografia: Uma família muito simpática da área rural onde vivia com quem tive a oportunidade de conviver e ajudar.  Uma boa memória que deixa saudades

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O choque da chegada

Após seis meses na Zâmbia, cheguei a Inglaterra na sexta feira de manhã. Ainda me parece tudo muito estranho e ainda me sinto um pouco atordoada com esta rapidez de vida que se vive deste lado do mundo e que contrasta tanto com a lentidão e o relaxamento vivido em África.
Tenho tentado reflectir sobre a minha experiência na Zâmbia, mas tem sido complicado. Para mim, é óbvio que foi uma experiência inesquecível e enriquecedora, mas este choque de voltar à civilização e de estar repentinamente sem as pessoas com quem estava habituada a passar 24h por dia, tem me abanado um pouco as ideias.
Tudo me parece estranho, desde a mobília ao comportamento das pessoas. E mesmo quando as pessoas falam comigo (até sobre as coisas mais banais), nunca sei muito bem o que hei de responder.
Enfim, penso que esta confusão passará com o tempo. No final de contas, passei meio ano num sítio pouco desenvolvido sem metade das condições que tenho agora!
Se parecer muito lenta ou desorientada, não se preocupem. É só o choque da chegada.